mardi 5 août 2008

" Quem se aninha, amigo é! "

"Chiques pra caramba"

Em caso de descaso, em qualquer desatenção, finja que não. Você não pode se incomodar. Nada deverá te atingir ou te afetar, no hard feelings. A vida é assim e você não pode se incomodar. As pessoas dão um perdido. Você dá um perdido. Todo mundo dá um perdido e não é você quem vai se incomodar agora com esse tipo de coisa. Imagina.

O outro não vai se iludir, ou não deveria, nem deve mais se lembrar daquela história, eu te disse você topou, nós combinamos, esse tipo de acerto já foi, pra lá de ultrapassado, como a corrente de acordos e afetos desfeitos pela informalidade, ampla, geral e irrestrita, postura que tomou posse de nós, nessa onda pós-tudo, onde tudo se pode e quem sabe se perde mesmo.
Entre a mentira e a verdade de se incomodar com a coisa, o achado ou o perdido, a quebra do trato e como reagir a ele, você não vai hesitar, seguirá o mandamento quase-budista, afinal faz parte do clube dos safos ou que nele quer entrar. Como o bom cabrito que não berra, você será gentil e confortável como brisa na calçada, suave como o novo absorvente, refinado, impermeável. Incomodado? Você?

Há compromissos e compromissos, e se você se importar com a falta de compromisso com o compromisso, estará se importando com aquele que não deve se importar - portanto, não se importe, não corra esse risco, não pague o mico. Finja que nem ligou quando ele não ligou e também você não ligaria, com tanta coisa pra fazer. Jamais toque no assunto. Minta ou esqueça. E não é pra ficar sentido, que horror, que história é essa de sentir, falta, desapontamento ou desejo, as pessoas têm seus motivos, todo mundo correndo, sem tempo pra nada, telefonar, avisar, não precisa, você entende perfeitamente.

Nonchalance* pode ser condição para a leveza e a distinção - mas não precisa exagerar. Você até poderia se importar, levando-se em conta sua natureza, humana, mamífera, cinco sentidos e sangue quente. Você poderia se importar, e talvez fosse lindo. Mas como fazê-lo, quando e com quem, se é tão mais fácil mentir e se achar, dar um perdido, ou no caso de ser você, levar o perdido, que diferença, tanto faz, ninguém importa tanto assim, não é você quem vai levar a sério, e por aí vai, ou não vamos, assim não vamos mesmo, a não ser que a idéia seja essa, chegar a lugar nenhum.

Ele não pede desculpa você também, ela esqueceu de retornar você nem se importou, que é isso, amigos da vida inteira ou da última hora, era só um encontro, um estar, coisa mais normal de acontecer, tinha uma mensagem no celular, ou pelo menos o número registrado, ou nada, mas também pode ser o seu celular, que vive fora de área, como ele ou você, inalcançáveis, intocáveis, chiques pra caramba".

(Isa Pessoa, na Revista O Globo, 13 de julho de 2008.)

*NONCHALANCE: malemolência, em Francês .



Férias de julho, duas meninas na praia conversando, uma vai dar o famoso tibum em itacoa, aproveita e viaja no costão, enquanto a outra está la pensando não na morte da bizerra, infelizmente, mas acha a revista e se delicia com Medeiros... E essa menina chique ai, nem se dá conta que tal sacode não era da grande Marta, e sim de Isa, nossa amiga do sacode merecido!!!
Quando a companheira de sol volta, da viagem roseática, o questionamento a elas mesmas acontece, e dali um saral se monta. Gargalhadas de acordo com tudo a tona. e um consenso:

"Chiques pra caramba", somos com entonação!

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